SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO
Após três anos de reflexão e de amadurecimento, foi aprovado pelos Bispos durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, ocorrida no mês de abril, em Aparecida (SP), o Documento 105: “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da Terra e Luz do Mundo”. (MT 5,13-14). Um ponto de referência e incentivo para os Leigos.
Os Leigos são Discípulos e Missionários! Discípulos são aqueles que seguem o Mestre Jesus. Missionários são aqueles que anunciam o Evangelho de Jesus Cristo, levando a mensagem de esperança para o mundo. Jesus disse “Não tenhais medo”. (Mt 14,22-33).
Não podemos compreender uma igreja sem a participação efetiva e afetiva dos leigos. Efetiva, por serem os Leigos aqueles que dão movimento à Igreja através das Pastorais e se entregam nesta escolha e são os levam a mensagem de Jesus e da Igreja para o mundo. Afetiva por não se tratar de uma entrega mecânica ou ativista, mas entrega de amor a Jesus e ao projeto de construção do Reino a partir da Doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana. O Documento 105, da CNBB, que deve divulgado e aprofundado por cada leigo e nas Pastorais afirma:
Ser sujeito eclesial significa ser maduro na fé, testemunhar o amor à Igreja, servir os irmãos e irmãos, permanecer no seguimento de Jesus, na escuta obediente à inspiração do Espírito Santo e ter coragem, criatividade e ousadia, para dar testemunho de Cristo.
Seguindo as orientações da Constituição Dogmática Lumen Gentium (Luz para os Povos) e da Constituição Pastoral Gaudium Et Spes, (Alegria e Esperança) a CNBB relembrou que os leigos estão no coração da igreja, pois assim acontece pelo Batismo, mas também confirmou a missão que os leigos têm, não só dentro da Igreja, mas no mundo. A Lumen Gentium é uma Constituição sobre a natureza e a identidade da Igreja, por isso dogmática. E A Gaudium Et Spes, uma Constituição Pastoral, que coloca a Igreja em diálogo com o mundo no mundo em que ela está e atua. Dois documentos preciosos deixados pelo Concílio Vaticano II. Precisamos reacender as chamas do Concílio para que de fato, a igreja responda às necessidades do mundo sem sucumbir sua identidade e ao mesmo tempo ilumine o mundo com a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o caminho a verdade e vida. (Jo 14,6) Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e será o mesmo amanhã. Os Leigos têm neste sentido, um vasto, belo e decisivo papel e lugar na Igreja. O Papel e Lugar de ser Igreja, preservando sua identidade, sua natureza e seus dogmas e o papel e lugar de levar à Igreja para o mundo através dos ambientes de convivência. A Igreja tem sua identidade, ela é Sinal de Salvação de Jesus para o mundo, mas não pode ser compreendida fora do mundo. Ela está inserida no mundo e precisa dialogar com ele. Ela está no mundo a serviço do mundo sem perder sua identidade. A Igreja é mediadora de Jesus Cristo com o Mundo, mas não perde a sua identidade de mediadora da salvação e deve tentar a cada momento iluminar a sociedade.
A Constituição Dogmática Lumen Gentium (Luz para os Povos) e Gaudium Et Spes (Alegria e Esperança) anunciam que a Igreja não pode perder sua missão de ser esperança e alegria para ela mesma e para o mundo da qual é a serva. A Igreja deve ser a serva e também a luz. Os Leigos são mensageiros desta Esperança e desta alegria para o mundo. São chamados a ser presença da Igreja e testemunhas de Jesus na sociedade, através de sua participação na ciência, na cultura, no trabalho, na família, na escola, nas universidades, na política, nas redes sociais, nas ruas, no lazer, e em todos os mais variados ambientes de sua convivência. Confirmamos essa missão na Gaudium Et Spes:
Os leigos, que devem tomar parte ativa em toda a vida da Igreja, não devem apenas impregnar o mundo com o espírito cristão, mas são também chamados a serem testemunhas de Cristo, em todas as circunstâncias, no seio da comunidade humana.(43)
Como a Igreja define o conceito da Vocação do leigo? Podemos compreender essa definição na Lumen Gentium:
Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se no mundo. (31)
A missão do leigo é acentuada na intermediação do relacionamento da igreja com o mundo, por isso precisa sentir e assumir essa missão como dom de Deus. Afirma a Lumen Gentium:
…os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terr. Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida concedida por Cristo» (Ef. 4,7). (33)
O Evangelho deve ser anunciado também pelos meios de comunicação, todos os meios modernos. A igreja precisa acompanhar a evolução tecnologia e científica e anunciar nas redes sociais, no rádio, na TV e em todas as mídias. Quem atende esse chamado de ser comunicador cristão presta grande serviço para evangelização, para o anúncio de Jesus Cristo, para o anúncio dos valores na família, na cultura, no trabalho, nos grupos e em todos os espaços presenciais e virtuais. Os Leigos também precisam dar testemunho no mundo virtual. O mundo virtual não é um mundo à parte, mas parte do mundo. Onde estiver um leigo que professa a fé em Jesus e em sua Igreja, ele assume a Missão de Discípulo e Missionário, assim como pede Papa Francisco na sua primeira Exortação, a Evangelli Gaudium
Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto-preservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. (27)
Uma “Igreja em saída” ao encontro das pessoas aproveitando de todos os meios para anunciar o Evangelho e dar testemunho da força que vem de Jesus e da alegria de ser Igreja Católica. O Leigo tem a bela missão de santificação das estruturas humanas pelo apostolado. Explica a Lumen Gentium
Incumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação atinja cada vez mais os homens de todos os tempos e lugares. Esteja-lhes, pois, amplamente aberto o caminho, a fim de que, segundo as próprias forças e as necessidades dos tempos, também eles participem com ardor na ação salvadora da Igreja. (33)
Procurem harmonizar entre si uns e outros, lembrando-se que se devem guiar em todas as coisas temporais pela consciência cristã, já que nenhuma atividade humana, nem mesmo em assuntos temporais, se pode subtrair ao domínio de Deus. É muito necessário em nossos dias que esta distinção e harmonia se manifestem claramente nas atitudes dos fiéis, que a missão da Igreja possa corresponder mais plenamente às condições particulares do mundo atual. (36)
Queridos irmãos Leigos, queridas irmãs Leigas, sejam Testemunhas da Ressurreição e da vida do Senhor Jesus no mundo. Sejam Sinais do Deus vivo. Sejam promotores da Igreja. “Vós sois o sal da terra” (Mt 5,13). “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14).
Com minhas Bênçãos!
Dom José Ubiratan Lopes (OFMCap)
Bispo da Diocese de Itaguaí