Em sua normalidade, o cotidiano escolar já reserva aos professores muitos e grandes desafios. O fazer dos professores é multifacetado e, em todos os campos e dimensões dele, são esperadas muitas soluções. Enorme seria a lista se resolvêssemos numerar suas tarefas.
A atividade docente envolve grandes doses de criatividade, dinamismo e agilidade, para que possam dar conta das questões pedagógicas, burocráticas, técnicas e, prioritariamente, as humanas, pois lidar com vidas é, inerentemente, envolver-se com os sentimentos. Não poderia ser diferente para os que de fato acreditam na humanizadora missão da educação.
Francisco, no Congresso da Congregação para a Educação Católica, com o tema: “Educar hoje e amanhã”, em 21 de novembro de 2015, apontou três caminhos para uma verdadeira educação:
“A educação deve mover-se nestes três caminhos: ensinar a pensar, ajudar a ouvir bem e acompanhar no fazer, ou seja, que as três linguagens estejam em harmonia; que a criança, o jovem, pense aquilo que sente e faz, sinta aquilo que pensa e faz, e faça aquilo que pensa e sente. E deste modo, a educação torna-se inclusiva, porque todos têm um lugar; inclusiva também humanamente“.
Se os professores já são sobrecarregados em tempos comuns, o que dizer sobre um tempo como esse que estamos vivendo? Desde quando o estado de pandemia foi declarado, professores se desdobram para darem conta de sua missão, mas dessa vez à distância.
Impactante! Houve muita angústia, dúvida, medo, confusão e incertezas, mas eles se lançaram em mais essa jornada. Há, sim, muitas complexidades e dificuldades, mas precisamos aplaudir as muitas e belas tentativas que revelam o desejo de não deixar ser perdido o ano letivo, o que seria mais um sofrimento e que pode ser evitado, ainda que haja fragilidades.

Vale citar algumas ações: há os que se deslocam para entregar as atividades nas casas do alunos; os que enviam cartas e bilhetes; os que telefonam, os que gravam áudios e vídeos, os que fazem plantões nas escolas para que os pais busquem as atividades; aulas e reuniões por aplicativos de conferência virtual. São muitas iniciativas! São boas intenções em nome do respeito aos alunos.
Desde que foram emergencialmente convocados à educação a distância, os Professores da Educação Infantil ao Ensino Médio (Educação Básica) e os do Ensino Superior, buscam caminhos para não negligenciarem a missão, tentam superar as próprias dificuldades para darem aos seus alunos o direito da aprendizagem.
“Vou te ensinar – dizeis –, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos.” (Sl 31, 8). Cabe ressaltar que a Educação à distância no Brasil é legislada somente para parte dos cursos e disciplinas do Ensino Superior. No entanto, em tempo de pandemia, o Ministério da Educação autorizou a prática na Educação Básica. Como já refletido em texto publicado em 2018, a educação à distância também é obra educativa.
Estar à distância não significa estar ausente. Estar presente não garante igualmente que está perto. Ao aprender alguma coisa na educação presencial ou à distância, o indivíduo incorpora à sua vivência e, por ela, aperfeiçoa outras aprendizagens que são fundamentais ao seu cotidiano. Uma aprendizagem é significativa, na educação à distância ou presencial, quando consegue manter-se na história do indivíduo sem transitoriedade. Algumas aprendizagens podem ocorrer sem que fiquem registradas como significativas. Essas são as aprendizagens transitórias, que se referem aquelas que ocorreram em função de uma causa efêmera e que logo desaparecem do comportamento do sujeito e não podem ser consideradas como aprendizagem de mudança plena de comportamento.

Neste tempo de pandemia, ainda que as dificuldades e fragilidades da educação à distância, principalmente na Educação Básica, sejam sentidas, não podemos negar que jamais essa experiência será esquecida.
Aos professores nossos agradecimentos, admiração e reconhecimento.