É sempre assim. A festa é dela mas quem ganha o presente somos nós. Maria, que conhece tão bem seus filhos, sabe nos dar muito além do que buscamos ou sonhamos. A ela entregamos aflições, medos, temores, dores, para recebermos de volta bençãos, graças e esperanças no coração. Acompanhar os 10 dias da Festa de Nossa Senhora dos Remédios a cada ano tem sempre esse efeito restaurador: junto da mãe, que tem nos braços o filho Jesus, ganhamos forças para superarmos dificuldades e alçarmos novos voos !
Afinal, o que Maria quer é que nunca falte o vinho da alegria em nossas casas, como fez nas bodas de Caná. Atenta, ela inspirou os festeiros a criar uma festa inédita, em tempos de pandemia e contenção. Não havia um modelo a ser seguido, nem caminho a ser trilhado. Em novos tempos, faz-se necessário novas atitudes.
“Não fazemos a festa por vaidade, nem por tradição. Esse é o nosso jeito de caminharmos rumo aos céus” – disse padre Roberto em uma das missas na Igreja Matriz. É isso. Para nós, filhos de Maria, é essencial estar com ela todos os anos, receber suas bençãos e carinho materno, para então seguir a viagem da vida. E que maravilha ouvir tantas homilias sobre a doce humanidade de Nossa Senhora e como ser Igreja em meio a tantas adversidades, quando muitos vivem reclusos, sentindo o luto que atinge o país e o mundo, chorando por amigos ou parentes que se vão, levados por essa pandemia.
Foi uma festa de portas fechadas, para poucos fiéis, sem procissão nem passeios nas ruas. Como doeu não sair pelo centro histórico na companhia de Nossa Senhora dos Remédios, aquela que habita o museu. Nem comemorar seu aniversário com Sant ‘Ana, São Joaquim e São José, sua amada família, outras vezes levada em andores pelos devotos. Sem poder estar presente, a grande maioria dos paroquianos acompanhou as transmissoes online, pelo Yotube, rezando diante dos pequenos altares domésticos, uma prática que se tornou comum nos dias de hoje.
Para a familia festeira e sua comissão o grande desafio foi simplificar uma festa que tinha tudo para ser grandiosa.Tanta coisa precisou ser excluida ! Não cabiam abraços, rezar de mãos dadas, estampar sorrisos. Os olhos se tornaram a melhor forma de comunicar ! Foi preciso aprender a tirar o olhar de fora e se voltar pra dentro, reorganizar sentimentos, afetos, lembranças…redimensionar nossa fé. O resultado foi uma festa ímpar, que vai entrar para a historia, para ser citada e relembrada em todos os lugares e todos os tempos. Pontuada pelos rigores da pandemia, ela exigiu cuidado redobrado e muita atenção. Nestor e Paula, sua família e comissão, enfrentaram esse desafio e cumpriram a missão com louvor. Como prêmio, herdaram a festa para 2021.Hoje ficou como um ensaio, um explendido ensaio, capaz de gerar muitos frutos na vida de cada um. Que para o ano venha então a nova festa, dentro do novo normal que nos cerca, com as bençãos de Deus e de Maria Santíssima !
Texto: Mara Bernardes